O Livro dos Espíritos, agora em chinês

por Dorival Strelow

Eliana Haddad

Apesar de representar quase 20% da população mundial, até agora os chineses não podiam contar com nenhuma obra espírita em seu idioma nativo. Esta situação mudou com o lançamento de O livro dos espíritos em chinês, primeira tradução de uma obra de Allan Kardec para a língua de Confúcio.
O trabalho pioneiro é resultado do projeto iniciado por Emanuel Dutra, que se associou ao tradutor chinês Wallace Gu para a empreitada, além de abrir a editora Luchnos nos Estados Unidos para realizar esta tarefa.
Quando o projeto de tradução de O livro dos espíritos foi iniciado, o desafio imediato era descobrir como traduzir as palavras que ainda não existiam em chinês, a começar pela palavra ‘espiritismo’. “Foi necessário um mês para definirmos o vocabulário específico, como espiristismo, perispírito, erraticidade, médium etc”, explica Emanuel Dutra.

Brasileiro, nascido em berço espírita, Dutra morou por oito anos nos Estados Unidos, onde estudou e trabalhou após formar-se. Trabalhando para um fundo de investimentos com sede na Ásia, visitou a China pela primeira vez em 1997. Retornando ao Brasil, passou a estudar chinês a partir de 2002 e, após alguns anos, ‘intuitivamente’ se perguntou: “Por que não trabalhar na tradução de Kardec para o chinês?” Até que em 2017, juntou-se a Wallace Gu, chinês nativo e fluente também em inglês, para dar seguimento ao seu projeto. Pela dificuldade de encontrar um tradutor especializado nesta área que pudesse verter a obra diretamente do francês, o projeto resultou numa nova tradução do livro em inglês, que serviu como idioma intermediário no processo.
“Para os chineses, o espiritismo simplesmente não existe, e a melhor forma de torná-lo conhecido é disponibilizando as obras de Allan Kardec em chinês. Penso que os próprios chineses ou seus descendentes residentes no Brasil venham a ser os grandes divulgadores da obra, não somente para o 1,4 bilhão de habitantes na China, como também para os 50 milhões de chineses espalhados pelo mundo. Da mesma forma foram os brasileiros que emigraram para os EUA os maiores responsáveis pela difusão do espiritismo entre os americanos”.
Ele ressalta o crescimento do cristianismo no Oriente e a importância da obra de Kardec para a compreensão do Evangelho e das obras da codificação espírita, que permitem um entendimento mais abrangente sobre a espiritualidade, incluindo a reencarnação, a sobrevivência da alma e a existência do espírito. “O espiritismo se adequa perfeitamente à tradição religiosa da China, uma vez que as três grandes correntes religiosas de lá — o confucionismo, o taoísmo e o budismo — são basicamente reencarnacionistas. Some-se a isso o crescimento acelerado do cristianismo. Após ser virtualmente eliminado com a Revolução Cultural nos anos 1960, o cristianismo ressurgiu fortemente, contando hoje com mais adeptos do que o próprio partido comunista chinês. O plano espiritual não está parado, segue atento às necessidades espirituais do planeta, e há bons indícios de mudanças no ar: 40% da população da Coreia já é cristã, e em 2030 a China provavelmente já será o país com a maior população cristã do planeta. Na China, especificamente, a tradição reencarnacionista aliada à emergente fé cristã faz do espiritismo um caminho natural para muitos chineses”, observa.
A Luchnos já se prepara para o período de divulgação. Aliás, Luchnos quer dizer candeia, e como alertou Jesus, a luz deve ser colocada acima do candeeiro para que sua abrangência seja cada vez maior e possa iluminar todas as regiões.

Saiba mais em www.luchnos.com

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Publicado no jornal Correio Fraterno – edição 485 janeiro/fevereiro 2019

Fonte: Correio Fraterno

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