Um momento histórico e importante para os rumos da doutrina Espírita no Brasil: as 112 obras de Francisco Cândido Xavier adulteradas a partir de 2012 – e que geraram inclusive a série “Evangelho Por Emmanuel”, também editada pela FEB, serão descartadas com a retomada da publicação das obras no texto original da psicografia de Chico, mantendo a redação original do orientador Espiritual Emmanuel e dos diversos outros Autores Espirituais que se notabilizaram pelas mãos do médium mineiro.
Reunião promovida no dia 31 de março, na sede da Federação Espírita Brasileira em Brasília, segundo informe da própria FEB, com a presença de dirigentes da União Espírita Mineira (UEM) firmou o que a FEB chamou de “parceria para cotejamento” das obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, o que possibilitará uma “leitura comparada” destes livros.
A FEB, no texto, anuncia que o trabalho conjunto entre as duas instituições tem como objetivo identificar “diferenças editoriais” – no caso, as adulterações – entre os livros lançados pela FEB Editora, as primeiras edições e as obras consideradas definitivas. O intuito é aproximar as edições atuais com a redação apresentada desde as primeiras obras publicadas, trazendo ao público o zelo e o cuidado editorial.
Como consequência dessa parceria, foi redigida Nota Técnica cuja diretriz geral é “manter a forma original escolhida pelo autor espiritual, registrada na primeira edição da obra em cotejamento, modificando qualquer aspecto textual apenas quando houver inadequação/incorreção patente da norma culta vigente, comprovada/referendada por mais de um autor específico da área linguística (gramática, léxico, estilística)”.
O trabalho buscará também “atender à padronização do Manual de Editoração da FEB, sem prejuízo para o conteúdo da obra, bem como para o estilo do autor espiritual”, completa a nota.
Estiveram presentes nessa histórica reunião Jorge Godinho, presidente da FEB, Geraldo Campetti, vice-presidente da FEB e Alisson Pontes, presidente da UEM. Alisson destacou a importância da obra de Chico Xavier ao dizer que “o livro espírita psicografado por Francisco Cândido Xavier é valioso instrumento de consolo e esclarecimento, oferecendo paz e luz a milhares de pessoas no mundo inteiro”.
Por sua vez, Jorge Godinho falou sobre o trabalho de unificação ao esclarecer que “unidos somos mais fortes”. Esta ação, segundo a FEB, integra comemorações do Ano de Chico Xavier, em celebração aos 20 anos de sua desencarnação, assim como destaca as diversas obras literárias vindas pelas suas mãos como um grande contributo para a reflexão da Humanidade.
Visão da Rede Espaço Espírita
Na visão da Rede Espaço Espírita de Divulgação Doutrinária, apesar das palavras cuidadosas da Federativa Nacional, visando evitar a palavra “adulteração”, o que restou efetuado realmente foi a alteração das 112 obras – algumas com a adoção inclusive de palavras totalmente estranhas a eventuais sinônimos do que os Autores Espirituais repassaram a Chico.
Essas alterações de texto, a partir de 2012, resultaram numa coletânea de textos adulterados, reunidos principalmente na série “Evangelho por Emmanuel”, e inclusive, com enxertos de textos de outro médium e outro espírito, além de uma tradução bíblica recente, que nada tem a ver com o trabalho idealizador originalmente por Emmanuel. A série, se continuar, deve ser também totalmente revista, descartando-se elementos estranhos ao corpo textual recebido por Chico.
À decisão da FEB, sobressaíram pressões por biógrafos de Chico, amigos pessoais do médium, estudiosos da doutrina e pela própria UEM, pedindo o restabelecimento da originalidade dos textos.
O episódio fica registrado, negativamente, como mais uma tentativa de deturpações de textos na história do Espiritismo, ou livros estranhos à Doutrina, como é o caso de “Os Quatro Evangelhos”, de Jean Batiste Roustaing.
Nos anos 70, obras de Kardec vinham sendo modificadas em novas traduções dos seus livros. O caso “Paulo Alves Godoy”, com sua tradução adulterada de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, combatido pelo próprio Chico Xavier e pelo insigne professor José Herculano Pires, foi finalmente retirada do catálogo da Federação Espírita de São Paulo (FEESP), que a editava na época. Ou seja, a influência da espiritualidade visando a derrocada da mensagem do Cristo, através da perspectiva espírita, parece ser permanente.
O próprio Emmanuel, no livro “Na Hora do Testemunho”, de 1978, classificou quem mexeu na obra de Kardec, na ocasião, como “adulteradores” integrantes de parte de um extenso “programa demolidor que atingiria toda a obra de Allan Kardec, do Espírito da Verdade e do próprio Cristo”.
A Rede Espaço Espírita entende e concorda com o conteúdo apresentado no programa de rádio e internet Vivência Espírita, transmitido neste domingo, 3 de abril, pelas rádios Vivência Espírita e Espaço Espírita, através dos apresentadores Jorge Reis, Rodrigo da Costa, Rui Barbosa e do convidado Cesar Carneiro de Souza – que talvez o objetivo, na adulteração, não tenha sido intencional ou pensado em causar dolo para a Doutrina.
Cezar Carneiro de Souza, de Uberaba, MG, amigo de Chico, afirmou no programa que valeu a pressão e mobilização dos espíritas. “Boa Nova”, o livro de Humberto de Campos, tem quase 40 palavras trocadas. Aquela edição que a editora modificou passa a ser da editora. Troca o sentido. Até pode ser boa a tradução, mas não é correto”, disse Cezar, no programa.
FEB e UEM: parceria e união em torno das obras de Chico Xavier
Programa Vivência Espírita: https://www.youtube.com/watch?v=W85rcaR264M
2 comentários
Essa é a ponta do iceberg… aguardemos… porque tem muita coisa ainda pra ser esclarecida sobre as obras de Kardec. A verdade sempre prevalece!
Excelente!…
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