Finados na Visão Espírita

por Dorival Strelow

Todos os anos, na época em que se aproxima o dia de finados, muitas pessoas questionam nós espíritas, querendo saber se devem ou não ir ao cemitério? O Espiritismo é uma doutrina educadora e libertária. Ela não nos proíbe e nem exige nada de ninguém, apenas nos informa em relação as leis da vida e seus mecanismos, para que, depois, cada um faz aquilo que sua consciência permitir ou determinar.

Nesse sentido, o Espiritismo esclarece-nos quanto aos aspectos mais profundos do entendimento existencial. Considera com muita propriedade que no túmulo não é o lugar que os espíritos moram ou ficam. Dependendo da data do sepultamento, às vezes, nem corpo existe mais ali.

Sabemos com nossa doutrina e com os posicionamentos dos Benfeitores Espirituais, que os espíritos de nossos entes queridos e amigos, assim como todos os demais espíritos, estão muito vivos e ficam, geralmente, à nossa volta com os quais nos acotovelamos todos os momentos. Ninguém morre. Deus não tem nenhum filho(a) morto(a). Todos vivem e se não estão materializados conosco estão vivendo em algum lugar nesse imenso Universo, que é a casa do Pai, onde, segundo Jesus, existem muitas moradas.
Cabe a nós espiritualistas, nos libertarmos dos atavismos firmados no período do entendimento da fé cega e, agora, sabedores das verdades espirituais novas, assimilarmos esses conhecimentos e criar novos hábitos para exaltarmos a vida e não a morte das pessoas que amamos e por elas somos amados.

Racionalmente, chegamos a conclusão que o cemitério não é o melhor lugar para os espíritos nos reencontrar e serem homenageados, sobretudo se tiverem recém-desencarnados. A aproximação deles junto do lugar onde estão os seus despojos carnais ainda trarão a eles um desconforto e constrangimento muito grande. Muitos nem suportam ficar ali por perto por muito tempo.

Existe uma maneira muito singela, amorosa, fraterna que podemos habituar a fazer para que os espíritos familiares e amigos possam sentir lembrados e homenageados por nós, não só em finados, mas todos os dias: uma prece sincera em favor da harmonia, paz e de que estejam felizes ao lado da família espiritual deles.

Podemos também colocar em nossos lares e/ou local de seu antigo trabalho, um recadinho do coração, uma flor perto de um porta retrato com a foto do desencarnado. Assim sentirão lembrados, amados e fortalecidos por ver que estamos exaltando a vida e não a morte.

Sempre virão ao nosso encontro os espíritos dos nossos parentes e amigos desencarnados? Não! Muitos deles, demoram para aproximar dos entes queridos que ficaram na Terra, pois isso depende das condições espirituais em que se encontram e das possibilidades de vir junto dos familiares e amigos. Outros nem querem vir, pois muitas vezes nossos sentimentos não são sinceros, e o Espírito não se interessa por essa hipocrisia, eles veem muito mais pelo pensamento e sentimento puro.

Sabemos que tudo o que se faz no cemitério, não passa em muitos casos de demonstração de posses materiais. Seja para demonstrar para a sociedade uma atitude de respeito, às vezes desprovida até de sinceridade.

Portanto, todos são livres para fazer o que acham que devem, principalmente sendo de coração aberto e sincero, numa legitima demonstração de amor.

Então. Que tal aprendermos a referendar os nossos mortos-vivos em nossa casa recolhidos com a família e em prece proferida com sentimento? Aproveitar a oportunidade de amor e carinho entre os que ainda estão encarnados para mostrar a harmonia e a fraternidade dos descendentes que possibilitam um sentimento mais elevado ao desencarnado.

Preciso ainda lembrar que muitos espíritos que se encontram no Mundo Espiritual não ligam a mínima para certos fatos que a nós encarnados enche de orgulho, pois, muitos deles, estão acima das nossas conveniências e ilusões terrenas.

Uma pergunta para encerrar nossa reflexão. Quando você partir desse mundo, onde você gostaria de ser lembrado e reencontrar com os seus amigos e familiares, no cemitério ou em um lugar que só te inspira boas lembranças?

Então vamos lembrar de nossas almas queridas, exaltando a vida e não a morte.

Por: Ismael Batista da Silva

Fonte: Instituto Beneficente Chico Xavier

 

 

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