A palingenesia, ou crença na reencarnação, existe desde tempos imemoriais. Civilizações na Índia, Pérsia, Grécia, entre tantas pujantes culturas, já compreendiam ser inviável a proposta da unicidade da existência, que não satisfazia a razão, tampouco íntimos anseios diversos.
Os Espíritos não têm sexo; entretanto, como até poucos dias atrás éreis um homem, desejamos saber se no vosso novo estado tendes mais da natureza masculina ou da feminina? E o mesmo que se dá convosco poder-se-á aplicar ao Espírito desencarnado há muito tempo?– R. Não temos motivo para ser de natureza masculina ou feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus os criou como quis e, tendo que lhes dar a encarnação sobre a Terra, segundo seus maravilhosos desígnios, subordinou-os às leis de reprodução das espécies por meio das condições peculiares ao macho e à fêmea. Contudo, deveis sentir, mesmo sem maiores explicações, que os Espíritos não podem ter sexo. (Grifo nosso).(2)
O relato desta evocação inserida em O céu e o inferno e publicado em 1865, foi originalmente registrado na Revista Espírita de junho de 1862, (3) publicado na íntegra, com observação de Allan Kardec:
Sempre foi dito que os Espíritos não têm sexo; os sexos só são necessários para a reprodução dos corpos; como os Espíritos não se reproduzem, o sexo seria inútil para eles. Nossa pergunta não visava constatar o fato, mas, por causa da morte muito recente do Sr. Sanson, queríamos saber se lhe restava uma impressão de seu estado terreno. […] (Grifo nosso).
Temos assim a posição do sábio de Lyon, quando previamente já havia se posicionado sobre a questão. No entanto, será mesmo que estamos sossegados em nosso íntimo, convencidos da impropriedade da proposta da reencarnação no plano da vida verdadeira? Se não, avancemos um pouco mais, retrocedendo ainda no tempo, agora ao ano de 1866. Vejamos o que encontramos, sobre o assunto, na Revista Espírita de janeiro do citado ano: (4)
As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que os unem nada têm de carnal e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque fundadas numa simpatia real e não são subordinadas às vicissitudes da matéria. […]Os sexos só existem no organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos, sendo criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão pela qual os sexos seriam inúteis no Mundo Espiritual. (Grifo nosso).
Constata-se assim, mais uma vez, a impossibilidade de haver reencarnação no Espaço, ou seja, geração de corpos materiais por Espíritos desencarnados, frisamos, analisando tão somente obras escritas por Allan Kardec.